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Resultado de dez anos de pesquisa indica que castanheiras que receberam o tratamento silvicultural de corte dos cipós produziram um terço a mais de castanhas-do-brasil que as infestadas que não foram tratadas. O que antes era percebido por alguns extrativistas foi comprovado pela pesquisa, que quantificou e criou parâmetros para esse tratamento de baixo custo, garantindo mais ganhos de produção e renda aos produtores da Amazônia.
Além do aumento de 30% na produção de frutos das castanheiras com o corte dos cipós, o trabalho também demonstrou que esse efeito foi observado a partir do quinto ano após o corte. Para se ter uma ideia, depois de liberados os cipós, as castanheiras recuperaram suas copas e algumas que nunca haviam dado frutos começaram a produzir. Outras árvores muito infestadas por cipós e que não foram tratadas morreram, enquanto aquelas que receberam o manejo se recuperaram.
Na Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema, em Sena Madureira (AC), resultados do corte dos cipós já foram notados. “Algumas castanheiras infestadas não produziam. Seguimos a orientação de cortar os cipós e há árvores que já estão produzindo até cinco latas de ouriço”, afirma o presidente do Núcleo de Base Cazumbá, o extrativista Afonso da Silva.
Embasados na pesquisa, cientistas recomendam remover apenas os cipós que infestam a copa das castanheiras e que estão enraizados próximo ao tronco, dentro de um raio de cinco a dez metros. Cabe ressaltar que o corte de cipós em castanheiras é uma atividade fácil de ser executada e de baixo custo, pois o corte pode ser feito na época da safra e, em média, leva menos de um minuto para cortar um cipó.
Produção com sustentabilidade
Este trabalho, desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Acre e de Rondônia e das universidades norte-americanas da Flórida e do Alabama, se destaca por oferecer aos extrativistas informações quantificadas e recomendações de tratamento silvicultural para as castanheiras. “Temos buscado técnicas para melhorar a produtividade aliada à conservação dos recursos naturais. Isso incentiva o extrativista para que ele continue na atividade e obtenha renda com a manutenção da floresta”, explica a pesquisadora da Embrapa Rondônia Lúcia Wadt.