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Caprichosamente, Neiva Lúcia Costa de Araújo faz o desdobramento de jornais antigos, “limpando-lhes” com fita invisível para a fase de digitalização. Na sala ampla onde funcionava a Casa Civil do Governo, ela percorre as páginas dos jornais Alto Madeira, A Tribuna, Estadão do Norte e O Guaporé, cujas coleções retratam um século da história rondoniense e hoje estão guardadas no Museu Palácio da Memória Rondoniense (Palácio Presidente Vargas), em Porto Velho.
“É a maquiagem das imperfeições”, ela comenta ao manusear um exemplar da edição de 13 de junho de 1967, de O Guaporé, que destaca, entre outros assuntos: “Misto vs Ferroviário num prélio sensacional”; programação diária da Rádio Caiari AM; e anúncios das empresas Jonasa, Casa Damour, Expresso Cuiabano e Consórcio Willys.
Há 48 horas, desde segunda-feira (11), ela e outros cinco especialistas trabalham intensamente nas dependências do Palácio Presidente Vargas na catalogação do acervo documental do recém-criado museu idealizado pelo governador Confúcio Moura. A parte da extinta Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), por exemplo, tem mais de cinco mil itens.
A paleontóloga Ednair Rodrigues, diretora do museu, previu hoje (12) a conclusão dos trabalhos para os próximos seis meses, com a participação direta da empresa Arquivar, de Belém (PA), contratada pelo governo de Rondônia.
Em um século, o País viveu duas guerras mundiais e teve 36 presidentes da República, de Rodrigues Alves (1902) a Dilma Rousseff (2011) e viveu duas ditaduras (Getulio Vargas, em 1937 ; Humberto de Alencar Castelo Branco, Arthur da Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista de Oliveira Figueiredo, entre 1964 e 1985). E Rondônia viveu ciclos desde a borracha, extrativismo mineral ao migratório e agrícola.
Plantas da cidade de Porto Velho datam do início do século ado. A digitalização de jornais obedece primeiramente aos encadernados e, na sequência virão exemplares avulsos.
O auxiliar de tecnologia da informação Luan Azevedo ou orientações técnicas a Dagmar Marcelino Júnior para concluir a digitalização do livro de visitas da EFMM a partir de 1993, após o tombamento da ferrovia pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) .
A maior parte das coleções, acervo fotográfico, livros e documentos estava guardada no Prédio do Relógio (ex-Fórum, ex-sede do Banco do Estado, ex-sede da EFMM), na Avenida 7 de Setembro).
“Esses documentos representam o patrimônio e a memória de um povo. Além de preservarmos obras tão raras e importantes, facilitaremos o o de todos à pesquisa de diversos materiais”, afirmou o superintendente estadual da Juventude, Cultura, Esporte e Lazer, Rodnei Paes.
Mapas, jornais, livros, cartas, documentos em geral, deixarão de ser anônimos e arão a ser vistos brevemente na internet, notadamente no portal do governo.
PRESENÇA INDÍGENA