Notícia
A trajetória do Rolim de Moura no Campeonato Rondoniense nunca foi de expressão. Sem títulos ou grandes conquistas, o clube fundado em 2002 seguiu por 14 anos disputando ora a Primeira, ora Segunda Divisão com muita força de vontade e torcida animada, mas sem fôlego para chegar às finais. No entanto, ainda no primeiro turno do estadual deste ano, o Tigre da Zona da Mata encara uma crise fora das quatro linhas que resultou na troca de presidente e pode ser responsável por tirar de vez o clube das competições.
Um grupo de jogadores acusa o técnico Manuel Filho de maus tratos. Entre as denúncias estão alimentação inadequada, péssimas condições dos alojamentos e apropriação indébita do valor cobrado pela profissionalização dos atletas.
O treinador, também responsável pela istração do clube, nega as acusações e afirma que tudo não a de mal entendido entre jogadores que não estão sendo utilizados no campeonato. Ex-presidente e um dos fundadores do clube, Arthur Lima diz que os trabalhos não estavam acontecendo como combinado, por isso renunciou ao cargo no início da semana. Juarez José da Silva, o Jabá, é o novo presidente.
Jorge Costa, de 25 anos, um dos atletas que fizeram a denúncia, afirma que o elenco do Rolim de Moura é formado por cerca de 40 jogadores, mas apenas 28 são utilizados pelo técnico. Os demais são obrigados a treinar separadamente. Não necessariamente, segundo ele, por questões técnicas.
– Ele cobrou de R$ 1,5 mil a R$ 2 mil desses jogadores (que treinam separadamente), dizendo que era para a profissionalização, mas até agora a maior parte deles não está regularizado, e ele não devolve o dinheiro para irmos embora. Outra coisa errada é que ninguém aqui recebe salário. Todos estavam cientes disso quando vieram para cá, só que o técnico quer que todos assinem um documento dizendo que estamos recebendo mesmo sem recebermos nada – acusa.
O jogador afirma ainda que os afastados são obrigados a se alimentar depois que os demais jogadores já comeram. A denúncia continua com as precárias condições do alojamento.
– Todo dia nós só comemos depois das 13h, e muitas vezes o prato tem apenas arroz, feijão e salsicha. Quando o Rolim foi jogar em Guajará, ele (Manuel Filho) nos deixou dois dias sem comida. Nossa salvação foi um vizinho que nos arrumou o que comer. Aqui falta água direto, e os banheiros estão sujos e quebrados. Somos obrigados a ficar amontoados dentro desses alojamentos. Alguns acabam tendo que dormir no chão, por falta de colchões.
Outro atleta, que não quis se identificar, diz que o grupo que está treinando separado dos demais não pode mais entrar no estádio para acompanhar o time.
– Ele disse que não fazemos mais parte do elenco, então se quisermos assistir aos jogos teremos que comprar ingresso. Mas como vamos comprar se não recebemos nada? E o dinheiro que tínhamos ele pegou e não devolveu. Ele não resolveu nossa situação. Nesse grupo tem pais de família que estão aqui desde novembro, e o Manuel não resolve a situação deles. Por isso estamos juntando mais provas para poder denunciá-lo, porque esperamos que ele responda por isso.
Ainda de acordo com este jogador, na última semana um companheiro do grupo dos afastados fraturou a perna durante o treino e foi abandonado pela comissão técnica.
– Ele está no alojamento esperando uma vaga para fazer uma cirurgia em Cacoal (município do estado de Rondônia), mas a única ajuda que recebeu até agora foi de um amigo, que comprou alguns medicamentos para ele – desabafa.
O OUTRO LADO
Acusado, o técnico Manuel Filho declarou que as denúncias são infundadas. Além disso, ele garante que a situação de todos os jogadores deve ser resolvida nas próximas semanas.